Seis anos depois, a Volta a Portugal foi de novo ganha por um corredor luso. O autor do feito é o mesmo. Nuno Ribeiro (Liberty Seguros) surpreendeu em 2003, vencendo quando ainda estava em início de carreira, e voltou a surpreender em 2009, porque bateu todos os adversários apontados inicialmente como mais favoritos. O triunfo nesta 71ª edição da Volta começou a construir-se há uma semana, com uma subida notável à Senhora da Graça. Ontem, na serra da Estrela, o sucesso ficou praticamente garantido, com o herói de Sobrado a cortar a meta na primeira posição. Hoje, em Viseu, no contra-relógio de 30,8 quilómetros, o camisola amarela controlou as diferenças e terminou a competição com 1m24s de vantagem sobre o segundo, David Blanco (Palmeiras Resort-Prio-Tavira). A última etapa foi ganha por Héctor Guerra (Liberty Seguros).
Nuno Ribeiro tem um extenso palmarés e muita qualidade, sobretudo na alta montanha. No entanto, os principais adversários cometeram o erro de o deixar escapar na subida para o Alvão, a caminho da Senhora da Graça. Nessa etapa, Nuno Ribeiro ganhou 1m56s a David Blanco, o principal concorrente. Hoje, no final da corrida, a diferença entre ambos foi de 1m24s. A conclusão a tirar é que o êxito de Nuno Ribeiro esteve na táctica seguida na quarta tirada. Fazendo uso de toda a qualidade e ambição, o corredor português agarrou com as duas mãos a oportunidade de tornar-se líder da equipa, passando por cima dos teóricos chefes-de-fila. Fê-lo com a classe patenteada na Senhora da Graça, quando só João Cabreira (CC Loulé-Louletano-Aquashow).
João Cabreira, depois das sucessivas suspensões e recursos vitoriosos, precisava de ganhar na estrada e não nos escritórios de advogados para relançar a carreira. Nuno Ribeiro necessitava de conquistar o máximo de vantagem possível face aos adversários, mas também aos companheiros de equipa, de modo a que o director-desportivo, Américo Silva, não tivesse dúvidas em apostar nele. Foi a conjugação de interesses destes dois homens, na quarta etapa da corrida, que escreveu a história desta Volta. A partir desse dia, Nuno Ribeiro tinha tudo para bisar na Volta e não desiludiu.
Nuno Ribeiro não vacilou em nenhum dos momentos decisivos e mereceu por inteiro o triunfo. Depois da exibição da Senhora da Graça, controlou os rivais na Senhora da Assunção, de onde saiu com a liderança ligeiramente reforçada. O embate seguinte foi na serra da Estrela e aí o pequeno trepador de Sobrado bateu tudo e todos, ganhando a etapa e conseguindo a margem de segurança para encarar com confiança o contra-relógio de hoje, que lhe era adverso.
O começo do “crono” deixou a liderança periclitante, com os 36 segundos perdidos para Blanco com menos de 10 quilómetros percorridos. No entanto. Nuno Ribeiro fez uma prova consistente e resistiu à ofensiva do corredor da equipa algarvia, conseguindo chegar ao fim dos 30,8 quilómetros cedendo apenas 53 segundos. Sem conseguir a almejada vitória, Blanco não conseguiu sequer o triunfo parcial, pois Héctor Guerra (Liberty Seguros), uma das maiores desilusões da Volta, conseguiu meia redenção, ganhando o contra-relógio final com 9 segundos de vantagem sobre o compatriota.
Na luta pelo terceiro lugar, confirmou-se o divórcio entre João Cabreira e os exercícios individuais, tendo o poveiro caído para a quinta posição final. O terceiro foi o sempre regular David Bernabeu (Barbot-Siper) e o quarto Rubén Plaza (Liberty Seguros).
Como de costume, Cândido Barbosa (Palmeiras Resort-Prio-Tavira) foi uma das figuras da Volta a Portugal: andou de amarelo, ganhou o prólogo e uma etapa e conquistou a classificação dos pontos. Tiago Machado (Madeinox-Boavista) foi, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor jovem, mas terminou a corrida com um amargo de boca. Desta vez a camisola pretendida era a amarela e não a laranja. O desaire táctico da Senhora da Graça afastou-o da luta pela vitória, mas os desempenhos na Torre e no contra-relógio mostraram que o famalicense já chegou à prova-rainha curto de forças, depois de mais uma temporada com muitos dias de competição quase sempre ao ataque.
Sérgio Sousa (Madeinox-Boavista) e Hélder Oliveira (Barbot-Siper) foram as grandes figuras da classificação da montanha, pela luta, ombro a ombro, que travaram ao longo de muitas etapas seguidas. A vitória sorriu, no entanto, a Nuno Ribeiro, cuja luta pela geral se repercitiu na soma de pontos para a tabela dos melhores trepadores. Por equipas venceu o Palmeiras Resort-Prio-Tavira.
Das formações estrangeiras presentes, o destaque vai por inteiro para a PSK Whirlpool-Author, que lutou do primeiro ao último dia, participando em fugas, tentando vencer classificações secundárias e, mais importante de tudo, conquistando duas tiradas e colocando Patrik Sinkewitz no top 10.
CLASSIFICAÇÕES
Geral Individual
1º Nuno Ribeiro (Liberty Seguros), 41h10m22s
2º David Blanco (Palmeiras Resort-Prio-Tavira), a 1m24s
3º David Bernabeu (Barbot-Siper), a 1m36s
4º Rubén Plaza (Liberty Seguros), a 2m08s
5º João Cabreira (CC Loulé-Louletano-Aquashow), a 2m53s
6º Eladio Jiménez (CC Loulé-Louletano-Aquashow), a 3m08s
7º Tiago Machado (Madeinox-Boavista), a 3m22s
8º Nelson Vitorino (Palmeiras Resort-Prio-Tavira), a 4m20s
9º André Cardoso (Palmeiras Resort-Prio-Tavira), a 5m12s
10º Patrik Sinkewitz (PSK Whirlpool-Author), a 6m13s
11º Bruno Pires (Barbot-Siper), a 7m22s
12º Hugo Sabido (LA-Paredes Rota dos Móveis), a 7m39s
13º Paolo Tiralongo (Lampre-NGC), a 8m37s
14º Vergílio Santos (LA-Paredes Rota dos Móveis), a 8m38s
15º Ruslan Pidgornyy (ISD-Neri), a 12m06s
16º Nelson Rocha (Madeinox-Boavista), a 13m52s
17º Carlos Pinho (Barbot-Siper), a 13m57s
18º Martin Mares (PSK Whirlpool-Author), a 16m30s
19º Oleg Chuzhda (Contentpolis-Ampo), a 16m39s
20º Vítor Rodrigues (Liberty Seguros), a 20m35s
Geral Montanha
1º Nuno Ribeiro (Liberty Seguros), 41 pontos
2º Sérgio Sousa (Madeinox-Boavista), 37
3º Constantino Zaballa (LA-Paredes Rota dos Móveis), 35
4º Helder Oliveira (Barbot-Siper), 33
5º Oleg Chuzhda (Contentpolis-Ampo), 29
Geral Juventude
1º Tiago Machado (Madeinox-Boavista)
2º Nelson Rocha (Madeinox-Boavista)
3º Oleg Chuzhda (Contentpolis-Ampo)
4º Vítor Rodrigues (Liberty Seguros)
5º Cristian Salerno (LPR Brakes-Farnese Vini)
Sem comentários:
Enviar um comentário